O crédito malparado mais do que triplicou desde o início de 2008, revelam os dados de Novembro divulgados ontem pelo Banco de Portugal.
Os valores acumulados do incumprimento de famílias e empresas já atinge 12,4 mil milhões de euros, dos quais 3,7 mil milhões só entre Janeiro e Novembro de 2011. No caso das famílias, os maiores aumentos do incumprimento dizem respeito ao crédito ao consumo e ao crédito para outros fins. Mas o malparado no crédito à habitação também está a aumentar, embora a níveis mais modestos, porque essa é a última coisa que as famílias deixam de pagar e só o fazem quando já não lhes resta outra alternativa. Ao mesmo tempo o crédito bancário também tem diminuído fortemente para os particulares, com a quebra do crédito para a compra de casa a atingir 68,4% em Novembro de 2011, quando comparado com o mesmo mês do ano anterior. Tudo porque os bancos têm dificuldade em obter ‘funding' para crédito e porque, num momento de escassez, o crédito disponível tem de ser canalizado para as empresas. Ao mesmo tempo, os bancos estão mesmo a tornar-se em grandes proprietários imobiliários com as casas cujos créditos não são pagos por quem as adquiriu e com as outras que os construtores, que também pediram crédito para as construir, acabaram por não colocar no mercado. Uma situação que justifica a cautela com que os bancos têm de continuar a abordar a concessão de crédito à habitação, aumentando o provisionamento dos créditos de cobrança duvidosa e os ‘spreads' para os novos contratos. Existem cerca de um milhão de casas devolutas em Portugal e a grande aposta da banca num período de crise como a actual tem de ser no financiamento das empresas produtoras de bens transaccionáveis e exportáveis.
 
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