20 de janeiro de 2012

Rússia alerta Ocidente contra ataque ao Irã


O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou nesta quarta-feira que um ataque militar do Ocidente contra o Irã seria uma “catástrofe” e criticou a imposição de novas sanções a Teerã.
Para Lavrov, possível ataque ao Irã inflamaria uma tensão sectária na região

Segundo o chanceler, uma ação desse tipo provocaria uma fuga de massas de refugiados do Irã, além de ampliar a tensão sectária na região.

“(Um ataque desses) pode inflamar o confronto entre sunitas e xiitas que já está latente”, disse Lavrov.

As declarações de Lavrov foram feitas após o ministro de Defesa de Israel, Ehud Barak, dizer que qualquer decisão sobre um ataque ao Irã estava “muito distante”. O país é a única potência nuclear da região.

Tensões entre Ocidente e o Irã foram ampliadas nas últimas semanas, após os monitores nucleares da ONU confirmarem que Teerã está produzindo urânio enriquecido a 20% em uma usina perto de Qom.

Em resposta, Estados Unidos e União Europeia anunciaram novas sanções contra o país – o que fez o Irã ameaçar fechar o estreito de Ormuz, uma rota essencial para o escoamento do petróleo da região.

A situação se agravou ainda mais na semana passada, quando o Irã acusou Israel e os Estados Unidos pela morte de um cientista nuclear em Teerã.

Washington e seus aliados suspeitam que o Irã está tentando desenvolver, sob sigilo, armas nucleares. Já o Irã insiste que seu programa tem fins pacíficos.

Negociações

Ainda nesta quarta-feira, o chanceler iraniano, Ali Akbar Salehi, disse que negociações sobre o programa nuclear devem acontecer em Istambul em breve.

No entanto, a chancelaria britânica afirmou que ainda não há datas e nem planos concretos para as discussões e que o encontro não será realizado enquanto Teerã não “demonstrar claramente sua disposição em negociar sem pré-condições.”

“Até que isso aconteça, a comunidade internacional vai somente ampliar a pressão sob o Irã, por meio de sanções pacíficas e legítimas”, afirmou a chancelaria em um comunicado.

No ano passado, Brasil e a Turquia tentaram mediar um acordo – fracassado – para a troca de combustível nuclear do Irã com outro país (que devolveria a Teerã urânio altamente enriquecido, em troca de material bruto). Desta vez, segundo Itamaraty, o Brasil não foi consultado para essa possível reunião em Istambul.

Impacto na economia

Para o especialista em diplomacia da BBC, Jonathan Marcus, as discussões sobre o assunto focam a probabilidade de um ataque aéreo israelense e americano às instalações nucleares do país e um confronto marítimo no Golfo, no qual os Estados Unidos tentariam garantir o livre acesso ao estreito de Ormuz.

Segundo Marcus, outro fator que inflama a tensão é o fato de a economia iraniana começar a sofrer seriamente com as sanções.

Comparada aos governos anteriores, a administração de Barack Obama é a que mais está de um confronto aberto com Teerã.

Marcus afirma que, no momento, as hostilidades podem ser evitadas. Mas, segundo ele, muitos especialistas acreditam que há uma sensação de pessimismo crescente – uma crença de que Estados Unidos e Irã vão entrar em confronto em algum momento.

E essa é, segundo o correspondente, uma situação muito perigosa, já que tais expectativas têm impacto direto no desenrolar dos eventos.

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